segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Microcontos muito micro mesmo

Voo





Foi na segunda grande guerra que seu avião foi abatido, nunca mais alçaram voo, piloto e avião.

A asa em chamas, o peito perfurado por balas, o que ele pensou, quando teve a certeza de que voar e tampouco viver – sinônimos para aquele homem- não eram mais possibilidades?

Segurou o manche, ergueu o nariz do bólido aéreo em direção ao sol, a escolha era simples – o barro ou as estrelas- e então concluiu que nuvens seriam o travesseiro ideal para seu último sono.


666 e Ninguém Atende





Ainda era estudante de direito quando teve este plano para chegar à notoriedade.

Teve que sacrificar dúzias de coelhos e pelo menos quatro cabras, usando uma ridícula máscara de bode, tudo isto para conseguir aquele telefone: (66) 666-666, óbvio, que outro número a besta teria?

Ansioso, fez um interurbano na segunda, outro na terça, outro na quarta, em vão, se ele não atender – pensou - como conseguiria se candidatar a advogado do Diabo?


Oh, Orwell




Não sabia mais o que fazer, sua função era matar porcos, apenas isso, como poderia então sentir algo por algum deles?

Porque aquele em especial, não sabia – até nome tinha dado a ele: Orwell - matar ou não matar, matar ou não matar, eis a questão; se ele não fizesse, outro o faria, resolveu o dilema deixando o cercadinho aberto, todos fugiram, Orwell ficou.

O que o prendia não era o cercado, eram os laços do afeto, ah Orwell, seu levado.

5 comentários:

  1. Ótimo,Ochôa.
    O porquinho chamado Orwell matou a pau.

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  2. Valeu Jacques. Vamos lançar a coletânea!

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  3. Estes contos são do teu blog não?
    Excelentes.

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  4. São. Quem não tem tempo para escrever, recicla.

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  5. Pô! Até me emocionei com a história do porquinho, pena que ela tem um final tão sinistro.

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