Voo
Foi na segunda grande guerra que seu avião foi abatido, nunca mais alçaram voo, piloto e avião.
A asa em chamas, o peito perfurado por balas, o que ele pensou, quando teve a certeza de que voar e tampouco viver – sinônimos para aquele homem- não eram mais possibilidades?
Segurou o manche, ergueu o nariz do bólido aéreo em direção ao sol, a escolha era simples – o barro ou as estrelas- e então concluiu que nuvens seriam o travesseiro ideal para seu último sono.
666 e Ninguém Atende
Ainda era estudante de direito quando teve este plano para chegar à notoriedade.
Teve que sacrificar dúzias de coelhos e pelo menos quatro cabras, usando uma ridícula máscara de bode, tudo isto para conseguir aquele telefone: (66) 666-666, óbvio, que outro número a besta teria?
Ansioso, fez um interurbano na segunda, outro na terça, outro na quarta, em vão, se ele não atender – pensou - como conseguiria se candidatar a advogado do Diabo?
Oh, Orwell
Não sabia mais o que fazer, sua função era matar porcos, apenas isso, como poderia então sentir algo por algum deles?
Porque aquele em especial, não sabia – até nome tinha dado a ele: Orwell - matar ou não matar, matar ou não matar, eis a questão; se ele não fizesse, outro o faria, resolveu o dilema deixando o cercadinho aberto, todos fugiram, Orwell ficou.
O que o prendia não era o cercado, eram os laços do afeto, ah Orwell, seu levado.
Ótimo,Ochôa.
ResponderExcluirO porquinho chamado Orwell matou a pau.
Valeu Jacques. Vamos lançar a coletânea!
ResponderExcluirEstes contos são do teu blog não?
ResponderExcluirExcelentes.
São. Quem não tem tempo para escrever, recicla.
ResponderExcluirPô! Até me emocionei com a história do porquinho, pena que ela tem um final tão sinistro.
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