sábado, 19 de dezembro de 2009

Vadut Bradip Da!

Por Rafael



Você não está delirando. O título não é uma magia do Harry Potter e, sim, diz "O Incrivel Hulk"  e é o Darth Vader na capa. O Jacques estava procurando a apólice do seguro contra incêndio de sua casa em Pompéia, quando se deparou com esses quadrinhos e me emprestou pra que eu lesse e fizesse uma resenha das histórias do Star Wars (ou Guerra nas Estrelas mesmo, como era usado na época).


Fiquei tão emocionado com tal material em mãos que não vou fazer uma resenha das histórias, mas sim uma autópsia dos gibis. Eles são de 1986, lançados pela Editora Abril e comemoravam os 25 anos da Marvel.


Nessa época, o enfoque dos antes "gibis", então "HQs" era o público infantil, tendendo ao adolescente e exclusivamente masculino. As propagandas são ótimas, do período pré-Photoshopiano, feitas com fotografia e lápis de cor! Os principais anunciantes são Nescau, Bubbaloo, Polyplast, Ping Pong e Guaraná Brahma. Tem até o Taz, do CQC, com cabelo, fazendo propaganda pra Estrela!


A seção de cartas d'O Incrível Hulk se chamava "Correio Gama" e, a princípio, era lido pelo próprio Hulk! Eu fiquei imaginando o Hulk abrindo um envelope e tirando a cartinha do leitor de lá de dentro. Se conseguisse fazer isso, sentaria no chão de seu quarto, cercado de cartas de fãs, coçando a cabeça pra tentar entender os garranchos (por que em 86 era raríssimo alguém ter uma impressora!).


A coisa que me deu o flashback mais violento foi a propaganda do "Super Telão". Esqueçam saída de S-vídeo, AV, Coaxial, HDTV, USB... As TVs não tinham saída. Só entrada, afinal eram TVs, oras! O Super Telão era uma mega lente de aumento de deixar Galileu com inveja e a TV "projetava" a imagem ampliada com sua própria intensidade de imagem. Meu tio comprou um pra assistir aos jogos da Copa. Lembro de ver um show do Kiss, com as luzes da sala apagadas, pra imagem ficar minimamente nítida. Putz... show do Kiss na TV aberta... bons tempos onde o "politicamente correto" não existia.



Recuperado do flashback, me sinto o próprio McFly voltando pro futuro, escrevendo pra esse blog. As histórias do Guerra nas Estrelas são desenhadas por Walter Simonson, mesmo desenhista de Thor e World of Warcraft! São tri bons, naves ultradetalhadas e muita cena de ação. O argumento é de David Michelinie e é bem típico da época. Das palavras do próprio Jacques, são "bem ingênuas" as aventuras. Elas tendem a "vamos dar um tapa na careca do Vader e sair correndo".



As histórias se passam no ano 3 ABY (depois da batalha de Yavin), na época do filme O Império Contra-ataca. Solo está congelado em carbonita e quem pilota a Millenium Falcom, junto com o Chewbacca é o Lando ou o Luke e a Leia. As histórias são pura ação (inconseqüentes, mas ações). Logo na primeira eles já dão um pusta preju pro coitado do Vader. Após uma aventurinha dentro da mega-arma de destruição em massa Tarkin, a Leia liga o fiozinho vermelho com o azul, dá um curto e a coisa toda "explode pelos ares", só que no espaço.


Durante o enredo, o incompreendido Darth ainda sofre um complô e quase morre sugado por uma janela que um oficial abre quando ele tá passando perto, mas se salva (ufa!).


Depois a história se passa num romance com ação, de deixar Indiana Jones no chinelo. Luke conhece Shira (uma namoradinha que ele teve) e fica na volta só esquentando, que nem chapa de bauru. Lembra até os filmes A terr que o tempo esqueceu e O povo que a Terra esqueceu, pois eles ficam de frescurinha e todo mundo sabe o que vai rolar quando a historinha acabar.


 Mas o que mata a pau eu deixei pro final: as onomatopéias. Os sons de naves, sabres, droids e monstros são demais! Ná época já foi bastante comentado, mas reler, hoje, é muito hilário. "Vadut Bradip Da!", o título do post, é o barulho do R2-D2 (ou R-2-D-2, como é chamado no gibi). Dá pra imaginar? Parece aquela música da Disney Zip-a-dee-doo-dah, Zip-a-dee-ehh, My my my what a wonderful day, que a Hanna Montana regravou.



 O sabre de luz também faz sons impronunciáveis. Acho que são os sons descritos por H. P. Lovecraft em seus contos. VRRRRANCH!



Mas o auge da onomatopéia é o CATAPLAM!!



Brincadeiras à parte, David Michelinie faz uma boa história e o traço de Walter Simonson nem se fala. Histórias assim, simples e boas, são difíceis de se ler hoje em dia. A maioria é mirabolante e sem nexo. Mais uma vez digo: bons tempos! A gente era feliz e não sabia.


PS.: Jacques, antes que tenhas um treco, todas as imagens foram fotografadas por mim, viu? Não fiz o crime de escanear teus gibis. E boa sorte no processo do seguro contra incêndio!

8 comentários:

  1. Esse foi um dos posts que li com um sorriso no rosto.

    Sinto uma tremenda saudades destes gibis, não tanto pelo que eles são, mas pelo que não volta mais, aquela época simplificada, de amor puro pelos quadrinhos, onde a maior emoção do dia eram 24 páginas de combate cósmico e descartável.
    Depois, como todos sabem, mudam as prioridades, a vida fica mais complexa etc, coisa e tal. Não é triste, apenas um fato.

    Atualmente ando relendo o Novo Universo Marvel (desafio quem se lembra desta), ando achando fantástico, tanto pela proposta (que hoje reconheço como avançadíssima para a época), como pela nostalgia da infância, sempre ela.

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  2. Do jeito que tu colocou, parece que foi hà mil bilênios que esses gibis circulavam por aí.
    Eu não acredito que a maldita Hanna Montana regravou a música que era cantada pelo Tio Remus; sem dúvida, não se respeita nada hoje em dia.
    Eu lembro do Novo Universo Marvel: Estigma, PN7, Justice, Torpedo, entre outros. Lembro também que achei as histórias um porre sem tamanho, mas talvez hoje minha opinião seja outra. Talvez.
    Nessa época Star Wars tinha graça, antes de o George Lucas chutar o pau da barraca e entupir os filmes de efeitos especiais desnecessários e enrolação pura. O resultado não podia ser outro: um caminhão de troféus Framboesa de Ouro e muitos ex-fãs, incuindo este que vos escreve.
    Fico feliz de poder trazer à tona boas lembranças de tempos mais simples, onde nossas únicas preocupações eram a hiperinflação e um possível ataque nuclear de Nova Mordor (atual Rússia).
    O processo vai indo, depois que ele se resolver eu tentarei receber o processo sobre a tragédia do Titanic ( o navio, não o filme).

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  3. Na época eu sentia falta dos colantes (tá, eu era criança, cacete), relendo hoje, a proposta soa bastante avançada para a época (e não é difícil imaginar porque todos os títulos naufragaram com N maiúsculo).
    Bom, Estigma eu tô na edição 6 e o cidadão ainda não sabe o que fazer com o poder, indo tirar suas dúvidas com um garçom de bar.

    Ando achando bem melhor que a reinvenção ultra-cool-cínica-modernética do Warren Ellis.

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  4. Bah, Novo Universo Marvel!
    Hum... Não sei porque disse Bah... Eu não gostava da idéia.
    (Fábio, dia desses me empresta essa birosca pra eu ler, ok?)

    Sobre as histórias de SW na Marvel:
    Eu donaldeei tooodas elas, em inglês, e estou sistematicamente lendo uma por uma - muito, muito devagar e com longas pausas entre cada uma, pra não ter uma gonorreia mental crônica.
    Eu baixei pra usar como referência numa campanha de SW (eu ainda jogo RPG, não sei o resto de vocês...) que acabou sendo cancelada em prol de uma de Call of Chutulhu. Sim, meus jogadores tem desejos estranhos de campanhas....
    O material não serviria de referência séria pra uma campanha de RPG séria, mas eu acabei acahndo extremamente divertido ler uma edição de vez em quando, então acabei não deletando. Tem umas coisas interessantes, incluindo uma versão do Grevious que fica caçando o Luke uma edição inteira, muitas raças bisonhas de alienigenas e umas onomatopéias muuuito criativas!
    Não, eu não recomendo como leitura - pelo menos não para leitores com menos de 30 anos....

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  5. Putz... também pensei em ambientar uma campanha nessas histórias, mas é muito louco e ingênuo. To tentando jogar RPG. Meu grupo vai e vem...

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  6. Tive uma conversa com Ochôa sobre isso no último encontro nerd (romântico). Não lembro do Novo Universo Marvel e curto a Marvel, só que nunca fui um fanático, que lê tudo e devora tudo que aparece. O mesmo ocorre com Star Wars. Curto, sei bastante coisa, mas não deixei de ser fã depois do romance chamado "Episódio 2". Eu simplesmente tiro sarro. É podre aquele pic-nic e o fato de o Anakin ficar putinho quando matam a mãe dele, que ele abandounou às favas como escrava havia anos.

    Na minha adolescência, todos meus amigos curtiam Metallica e tiveram que engolir o importuno Load, porque fã que é fã ouve tudo que é da banda. Eu curtia muito Led Zeppelin, mas não ouvia de tudo. Eu admitia que tinha música ruim e que nem todas davam pra ouvir a qualquer hora, como a boba-alegra "Carouselambra" do In Through the Out Door e a enfadonha "Black Dog" do CD ao vivo The Song Remains the Same.

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  7. Tens que fazer uma campanha onde todo mundo é jedi XD

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  8. [...] para a sorte dele, no início da década de 80, o talentosíssimo Walter Simonson (aquele de Star Wars no gibi do Hulk, lembram?) assumiu sua revista e conseguiu tirá-lo da obscuridade em que estava (semelhante ao que [...]

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