terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Pequeno Guiazinho dos Quadrinhos Fantástico Cenário (Parte 9)

41. Mundinho AnimalOs últimos anos tem sido marcados por uma renovação no humor nacional, para o bem ou para o mal.Passando pela grade de humor do Multishow até programas mais populares como CQC e Pânico na TV!, pela proliferação de humoristas stand-up e das tiras pela Internet, um dos maiores destaques tem sido Arnaldo Branco e seu Mundinho Animal, disponível no site www.oesquema.com.br/mauhumor .Com humor mordaz e ácido, Branco destrincha nosso ambiente cultural, marcado por modismos absolutamente estúpidos e um autêntico panteão de celebridades de quinta.Você não vai gargalhar, mas é impossível ler as tiras sem formar um sorriso irônico no rosto.Um dos melhores caminhos são as tiras Mundinho Animal, de Arnaldo Branco, focando no meio cultural, traço incômodo.E o mais complicado é que em 100% dos casos é impossível não concordar com as cáusticas observações de Branco.Se ao fim da leitura você se pegar concluindo que o homem é um animalzinho muito patético, não se surpreenda, é sinal que sua sensatez está em dia.

42. Concreto
Um dos achados mais geniais e discretos dos anos 80.Concreto, de Paul Chadwick, subverte todas as regras de quadrinhos de super-heróis: são histórias lentas como rocha, reflexivas, mas que em vez de resvalar na filosofia rasa, trata de considerações válidas e práticas sobre o homem e nossa sociedade.Trata basicamente da história de um homem abduzido e aprisionado em um corpo de rocha completamente auto-suficiente. E tudo que ocorre com ele a partir daí.Se você pensou grandes aventuras, pode esquecer, o foco é seu cotidiano, se você pensou que deve ser chato, não sabe o que está perdendo. A habilidade de Chadwick em revelar os personagens gente-como-a-gente imersos em um cotidiano com pequenos toques de fantástico é exemplar.Muitos que vieram depois, como Kurt Busiek, Michael Brian Bendis e outros, devem um pouco de seu quinhão à trilha aberta por ele.Concreto é um dos grandes momentos da Dark Horse e um dos momentos mais inteligentes dos comics norte-americanos.

43. Três Sombras
Não importa o quanto você leia, sempre vai surgir algo que vai lhe impressionar.Algo que vai relembrar o potencial dos quadrinhos como mídia, e como este mesmo potencial é frequentemente inexplorado. Algo que vai lhe dar a impressão que há quanto tempo você não lê uma história boa de verdade.É o caso de Três Sombras.Em um tempo indefinido, um fazendeiro vê três sombras no horizonte.A cada dia, elas estão mais perto e à medida que avançam, surge uma certeza: elas estão lá para levar seu filho.A partir desta descoberta, acompanhamos a jornada épica de um homem comum, desesperado para salvar sua criança, em uma luta contra o imponderável e é este o suporte da história que a torna tão especial: até onde um pai iria para salvar seu filho?O roteiro ótimo faz par perfeito com a arte espetacular do português Cyril Pedrosa, em uma história que surgiu após o autor acompanhar a readaptação da família de um amigo próximo, á morte do filho.Um dos grandes momentos dos quadrinhos, recomendado para ter na estante.

44. Laerte Coutinho


















Se o Brasil fosse um pouquinho mais justo, iria reconhecer uma coisa: Laerte é um dos maiores gênios dos quadrinhos.E o homem tem uma versatilidade assombrosa.Do Laerte dos anos 80, que capitaneava a revista Piratas do Tietê, ao mesmo tempo que se desdobrava em dezenas de personagens diariamente na tira Condomínio, ao Laerte dos anos 90, das Striptiras, de Deus, da Suriá, a Menina do Circo, das histórias fechadas experimentais e geniais, o Laerte pós-2000 com seu Manual do Minotauro, com a Andorinha Lola, com seu experimentalismo poético, como resposta à uma tragédia pessoal: a perda do filho.Laerte é um gênio, gênio do traço e das palavras.Os argentinos tem Quino, os americanos, Will Eisner, os franceses Moebius e os japoneses, Tesuka. Nós temos Laerte.

45. Ronin














Eu sei que é vergonhoso, mas eu fui fã de Frank Miller.
Isso só não é pior, por dois motivos:
1) Muita gente também era (e alguns são até hoje).
2) Ele era o melhor autor de quadrinhos mainstream daquela época, perdendo talvez apenas para Alan Moore, que estava no auge da forma na mesma época.
Com a posição já estabelecida na indústria com as vendas astronômicas da sua primeira passagem pelo personagem Demolidor, Miller ousou tentar ir mais longe.
Ronin foi a primeira grande tentativa de se aproximar dos autores europeus e japoneses que ele tanto admirava.

Na mini é possível ver claramente a influência de Enki Bikal, Moebius e Gozeki Kojima.A história de um samurai futurista é ótima, não o melhor de Miller, mas mostra claramente sua disposição em correr riscos na época.
Formato luxuoso, traço fora dos padrões, cores estilizadas, é um bom protótipo de tudo que viria depois.
E, claro, foi um retumbante fracasso de público e crítica na época de seu lançamento.
3 anos depois, Miller tentaria novamente atingir um público mais maduro e refinado com o Cavaleiro das Trevas e o resto, bem, aí sim o resto foi história.

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