terça-feira, 11 de outubro de 2011

O Wolverine de Larry Hama e Marc Silvestri

Esta é a fase mais indicada para qualquer um que deteste (ou nunca tenha lido nenhuma história de) James Logan Howlet.

Antes de assumir este título, Larry Hama havia servido no Vietnam, roteirizado os G.I. Joe e The Nam, o que lhe deu experiência para criar tramas convincentes envolvendo espionagem, guerrilhas, táticas e procedimentos militares eticamente questionáveis (como se existisse outro tipo).

O Wolverine desta época era uma soma do peregrino sem rumo e a filosofia oriental meia boca de David Carradine da série Kung Fu com a parafernália ciber-militar de Jason Bourne e o modus operandi dos easy riders do filme Sem Destino.



E, assim como o Batman de Christopher Nolan, o uniforme laranja e preto de Logan conseguia NÃO ficar ridículo, ao contrário do seu traje amarelo (nem o Jaqueta Amarela, dos Vingadores da época de David Micheline e George Pérez ficava bem de amarelo, e olha que o cara tinha amarelo no nome) que insistem em usar em fases mais recentes.

Para dar suporte às suas histórias, Hama criou personagens curiosos como a andróide em forma de menina Elsie Dee (criada por Donald Pierce para explodir quando chegasse perto de Logan), Albert (um andróide idêntico a Wolverine), o Caçador das Trevas (criatura extradimensional semelhante a um lobisomem gigantesco), Raposa Prateada (antigo amor de Logan, que trabalhava para o Tentáculo e NÃO tinha aquele poder tosco que aparece naquele filme igualmente tosco), John Espectro (teleportador), entre tantos outros.

Como ainda não se sabia quase nada sobre a origem de Logan (e ainda se pensava que ele e Dentes de Sabre eram irmãos), diversas histórias mostravam pedaços de seu passado, o que funcionava como um (eficiente) chamariz de leitores.

Em companhia de Jubileu, Logan descobriu que boa parte de suas memórias não passavam de implantes de memória falsos (parte de um programa criado para controlar mentalmente agentes de campo, por meio de gatilhos mentais) e, como bom porraloca que é, ficou se lixando ao saber disso, para espanto dos demais X-Men.

[caption id="attachment_4372" align="alignright" width="233" caption="Tche Guevara + upgrade = Logan"][/caption]

Uma sequência que marcou esta fase foi aquela em que Logan foi obrigado a matar Mariko Yashida, um dos maiores amores de sua (longa) vida, que havia sido envenenada por toxina de baiacu.

Vale salientar que nesta época Marc Silvestri (que estreou por aqui na fraquíssima graphic Marvel A Vingança do Monolito Vivo, com argumento de David Micheline), desenhava magnificamente bem (tanto nesta hq quanto nos X-Men de Chris Claremont), retratando com perfeição cenas de ação obrigatórias e divertidíssimas.

Pena que não se pode dizer o mesmo da arte dele na atualidade, que parece ter estagnado no sofrível padrão Image da década de 90.

Como curiosidade, o lendário e overabusado fator de cura de Logan originou-se do hábito do animal wolverine (conhecido por aqui como carcaju ou glutão (pelo fato de ter um metabolismo acelerado e estar sempre com fome)), que, ao tentar roubar carne de armadilhas de urso, volta e meia perde uma das patas presas a ela e foge do local.

Como os caçadores só encontram a pata e não o corpo do animal (que deve ter morrido de hemorragia em outro lugar) supõe-se que ele sobreviveu e criou-se a lenda de que seus membros se regeneram.

Wolverine é conhecido por ser um personagem nada mais nada menos do que fodástico, unindo carisma, selvageria, esperteza, inteligência e maturidade.

Características que exigem artistas que, como Hama e Silvestri, ao atuarem no mesmo nível, criaram histórias com a qualidade e durabilidade do adamantium.

6 comentários:

  1. Muito bom o texto, Jacques! Vou dar uma reconferida nos gibis do Wolvie.

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  2. Valeu, Francis.
    Se bem que quase toda a fase do Larry Hama valeu a pena, só a parte em que o adamantium foi retirado de Logan e ele involui é que ficou pavorosa (nem os ótimos desenhos do Adam Kubert salvaram).

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  3. O pior é que acompanhei esta fase.
    É tão, mas tão trash que chega a ser boa.

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  4. Pois é, Ochôa.
    E depois passaram a ignorar completamente esta condição de Logan, primeiro usaram a desculpa do indutor de imagens, e depois ele voltou ao normal sozinho.
    Tá certo que o fator de cura é meganinja, mas forçaram demais...

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  5. Acho o Wolverine um personagem bem complicado, ele tem revista própria há 20 anos e até hoje não tem um universo sólido definido.
    E até como personagem, acho ele uma colcha de retalhos ninja/agente/o escambau/fodão genérico que raramente funciona.
    É que nem falou um amigo meu, "infelizmente histórias do Wolverine não precisam ser boas, ele só tem que ser foda que os fãs aplaudem".

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  6. Concordo, acontece que o fator "colcha de retalhos" (que, além do carisma, parece ser seu ponto forte) uma hora funciona em em outras trocentas horas não funciona.
    E como os roteiristas estão pouco se lixando para as histórias ruins, quem sai perdendo, sempre, é o leitor.

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