sexta-feira, 2 de setembro de 2011

O Inventor da Solidão - Paul Auster





Um dos textos mais sinceros e pungentes que li nos últimos 10 anos.
O Inventor da Solidão começou a ser escrito 3 dias depois da morte do pai de Paul Auster.



No livro, ele vai empilhando memórias e pensamentos, tentando formar um retrato daquele homem com o qual ele conviveu a vida inteira e ao mesmo tempo nunca conseguiu conhecer além da superfície.
Uma viagem emocional de primeira categoria. Leitura obrigatória.

Trecho antológico:
“Mesmo antes de morrer ele estivera ausente, e há muito as pessoas mais próximas haviam aprendido a aceitar essa ausência, a considerá-la a característica fundamental de seu ser. Agora que ele se fora, não seria difícil para o mundo absorver o fato de que partira para sempre. Seu modo de vida havia preparado o mundo para sua morte- tinha sido uma espécie de morte antecipada- e se e quando ele fosse lembrado, seria vagamente, apenas vagamente.
Isento de paixão, fosse por alguma coisa, pessoa ou idéia, incapaz ou indesejoso de revelar-se em qualquer circunstância, ele conseguira manter-se a distância da vida, evitar a imersão na rapidez das coisas. Comia, ia ao trabalho, tinha amigos, jogava tênis, e apesar disso não estava ali. No sentido mais profundo e inabalável, era um homem invisível. Invisível aos outros, e muito provavelmente invisível a si mesmo. Se, enquanto esteve vivo, eu costumava procurá-lo, tentando encontrar o pai que não estava lá, agora que morreu ainda acho que devo continuar a procurá-lo.
A morte nada mudou. A única diferença é que para mim o tempo se esgotou.”

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