terça-feira, 6 de setembro de 2011

O Aquaman de Peter David

[caption id="attachment_3589" align="alignleft" width="195" caption="Ri disso agora!"][/caption]

Muito já foi dito sobre a... Digamos... “inadaptabilidade contemporânea intrínseca auto-infligida” inerente a Arthur Curry, vulgo Aquaman.

Dizem que ele é anacrônico e sem graça, que só está na ativa porque tem amigos influentes e dizem até que ele bebe direto da garrafa e costuma usar sua telepatia aquática para questionar seus ictio-súditos sobre onde encontrar tesouros no fundo do mar...

Bem... Eu não estou aqui para julgar, mas sim para informar.

Foi nesta divertida fase que Peter David e os ilustradores Jim Calafiore, Martin Egeland, Casey Jones, Gene Gonzalez e Joe St. Pierre mostraram que, a respeito das habilidades sociais deveras restritas de Arthur, ele tinha potencial de sobra para gerar boas histórias.

A primeira coisa que fizeram foi acabar com o visual “surfista burguês chifrado e com cara de nojo” que Aquaman (que aqui descobre seu verdadeiro nome atlante, Orin) tinha há muito tempo; ele apareceu do nada com cabelo comprido, barba e mau humor de viking contrariado.

 



E, no decorrer das histórias, ele largou da maldita combinação calça verde e camisa laranja, (que é capaz de dar ânsia de vômito em um professor de parasitologia aposentado), adotando um traje mais funcional (o que fez com que nesta fase ele recebesse o apelido de “Gladiador Romano”).

Como se isso não bastasse, sua mão esquerda (devorada por piranhas (em uma luta dele contra Charybdis), já que, pelo menos nestas histórias, ele não “controla” mentes), que foi substituída por um gancho retrátil que podia ser disparado a determinada distância, pois era conectado ciberneticamente ao antebraço por um cabo altamente resistente.

E para os leitores que achavam Aquaman “fraquinho”, David lembrou a todos que ele era muito forte, resistente, rápido (como ele mesmo disse em uma luta “Eu já sou veloz no fundo do mar, com o peso de um Oceano sobre mim... Agora imagine minha velocidade SEM essa pressão!”) e podia enxergar praticamente no escuro (por estar acostumado à ausência de luz).

Ele ainda usava sua famigerada, ridicularizada e subestimada telepatia aquática de forma criativa, seja para subjugar adversários (como na primeira história da Liga da Justiça de Grant Morrison, em que ele consegue ativar um gânglio vestigial no cérebro de Zum, do Hyperclan, e deixá-lo no chão se contorcendo e babando) ou para fazer valer sua vontade (como utilizar baleias azuis para provocar um tsunami contra uma base naval dos EUA) contra seus antagonistas.

[caption id="attachment_3591" align="alignleft" width="197" caption="Isso com certeza vai deixar marca..."][/caption]

Além de ter de lidar com ameaças subaquáticas (como seu irmão, Orm, mais conhecido como Mestre do Oceano) ao reino de Atlântida, os mistérios envolvendo sua paternidade e até um filho que ele desconhecia (Koryak, que podia controlar telecineticamente a água), Arthur ainda praticava o eco-terrorismo, ao afundar embarcações pesqueiras japonesas que caçavam baleias porque “é tradição” (a caça indiscriminada leva à extinção, como qualquer CRIANÇA sabe... mas vai explicar isso para aquele pessoal).

O bom humor característico de Peter David era uma presença constante, como os tubarões extremamente lentos de raciocínio e os diálogos espirituosos, como este dele com o médico dos Laboratórios Delta que criou sua prótese-gancho:

- Eu sou o Dr. McCoy! Por favor, sem piadas!

- Piadas sobre o quê?

- Ótimo!

Após a saída de Peter David, assumiu Erik Larsen, que fez parte da turma da “Image anos90”e tratou de devolver a mão ao personagem (isso é uma coisa comum no meio quadrinhístico; quando um novo roteirista assume um título, uma das primeiras coisas que faz é mudar algo feito pelo escritor anterior, como um cachorro que, quando chega a um local novo, urina em tudo que é lugar para demarcar território e dizer ”Eu mando aqui agora!”).

Depois disso Arthur virou uma espécie de sábio barbudo (semelhante ao capitão Davy Jones, dos Piratas do Caribe), morreu, foi substituído por um novato e até virou um Lanternegro.

Sem dúvida, vida (ou melhor, existência) de herói de gibi não é fácil.

Mas, pelo menos, ele teve esta fase decente para contar aos seus netos.

Coisa que muito personagem daria uma das mãos para ter.

3 comentários:

  1. Não comentou o mais legal, Jacques. A fase onde ele comanda peixes mortos.

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  2. Eu não li essa fase, Ochôa, só citei que ele virou um Lanternegro, o que conseguiu ser pior do que o traje bisonho (que, é óbvio, voltou) dele.
    Escrevi esse post porque, pelo que eu me lembre, essa é a única fase dele que eu gostei de ler; atá a fase do Kurt Busiek, que é um grande escritor, eu achei um porre sem tamanho.

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  3. Pô, e olha que Busiek é um dos poucos que me levariam a dar uma espiada no personagem.
    Li umas edições perdidas do Rick Veitch... Cara, sem explicação, ele deu a entender (ou pelo menos eu entendi) que o Arthur é na verdade o rei Arthur, ou descendente dele, ou sei lá e ele tem uma mão de água!
    Agora, me explica como caralhos funciona uma mão de água dentro da água!

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