segunda-feira, 20 de junho de 2011

Shadowrun


Good morning world. Welcome back. Play nice.

-Saeletra

24/12/2011

Olá omae.

Estamos aqui hoje para conversar sobre Shadowrun, um dos melhores cenários de RPG de todos os tempos.

Claro que será uma conversa apenas se vocês responderem, caso contrário não passará de um monólogo, mas como estão ai se dando ao imenso trabalho de ler e ler palavras ainda por cima! Espero que pelo menos alguns também comentem.

Shadowrun é um RPG situado em uma versão alternativa de nosso mundo, sua história começa a diferir da nossa em 1999 com uma grande greve de caminhoneiros em Nova Iorque que provoca uma escassez de alimentos, que leva a multidões enfurecidas. Não que se precise de muito motivo para gerar uma turba em NY.

É um começo até humilde, mas que junto com outros fatores, incluindo um ataque terrorista a uma usina nuclear privada e a incompetência dos EUA em lidar com essa situação, leva as grandes multinacionais a receberem da maioria dos governos mundiais a Extraterritorialidade, um status semelhante ao de uma nação independente!

Ou seja, dentro de suas propriedades as corporações passaram a ter plenos poderes para estabelecer suas próprias leis e manter exércitos privados.

Assim surgiram as Megacorporações.

Sim, foi uma péssima idéia.

Quase tão ruim quanto pedir para um padre cuidar de um menino com o sono pesado, mas se esse menino for humano e não tiver talento místico pelo menos ele sobrevive...

É sinistro mesmo, padres podem ser um problema sério em 2072 dependendo da facção a qual eles pertencem.

Acabou que as próprias corporações tiveram que criar um órgão para se fiscalizarem antes que alguma delas fizesse uma bobagem grande demais e estragasse a festa para as outras.

Obvio que a maior parte do tempo a Corte Corporativa se dedica a proteger o rabo dos seus integrantes, mas em certas ocasiões tiveram que agir em prol do lucr... bem maior, quer dizer do bem estar dos consumidores, ou melhor, das pessoas.

O cenário original se passava em 2050 e atualmente sua cronologia está em 2072, portanto apresenta um grande foco em tecnologia avançada, incluindo implantes cibernéticos e biológicos, drones (robôs), realidade virtual, nanotecnologia, etc.

Lembrando que a primeira edição do cenário foi lançada em 1989 e descaradamente inspirada em Bladerunner, como quase todas as obras sobre o futuro na época. E acredito que não é novidade para nenhum nerd que se preze que a visão de futuro próximo dos escritores dos anos 80 envelheceu tão bem quanto um camponês medieval.

Portanto com a chegada do século XXI, boa parte da alta tecnologia mostrada nos livros já era desatualizada ou simplesmente ridícula. Essa defasagem tecnológica e estética só foi sanada em 2005 com o lançamento da 4ª edição.

Mas grande diferencial de Shadowrun em relação a outros RPGs futuristas é a magia!

A partir do final de 2011 a magia começou a se manifestar com força na Terra, o que deixou a comunidade cientifica completamente perdida. Quando crianças começaram a nascer com a aparência de anões e elfos a magia ainda era ferrenhamente negada pelos cientistas, mas quando dragões anciões começaram a despertar os homens de jaleco branco tiveram que dar o braço a torcer.

No começo de 2012 Dunkelzanh, um desses dragões, em vez de varrer o chão com os militares enxeridos logo após acordar, o parecia ser um hobby popular entre seus primos, decidiu vir a publico dar algumas explicações em frente às câmeras.

Entre outras coisas contou que a magia segue ciclos, como as marés, cada um desses ciclos dura por volta de cinco mil anos e até pouco tempo atrás a Terra estava na maré baixa, mas agora ela havia começado a subir.

A era da magia anterior foi chamada de quarto mundo, a era em que a Terra estava de quinto e a que o planeta acabou de entrar de sexto.

Anões, orcs e outros são apenas variantes genéticas humanas, semelhantes às etnias, mas seus genes só se tornam dominantes em ambientes com um mínimo de energia mística ambiente, energia essa chamada de Mana.

O preconceito baseado na cor da pele quase desapareceu desse mundo, mas foi substituído por um até mesmo maior contra esses recém chegados.

Em 2011 um em cada dez partos de pais humanos normais dava origem a anões ou elfos e eles até que estavam sendo tolerados, mas quando em 2021 entre cada dez adultos “normais” um se transformou de forma permanente, dramática e dolorosa em orcs e trolls o caldo entornou...Imaginem que estão em um lugarzinho discreto nos maiores amassos com aquele pedaço de mau caminho que encontrou na festa quando de repente surge aos urros um monstro horrendo e enorme entre seus braços...

Agora imagine que quem se transformou foi sua esposa, ou pai, ou vizinha...

Yep!

Ódio e violência.

Entre as corporações recebendo permissão para fazer o que bem entendessem, novas raças humanas (e animais) surgindo, epidemias mortais, xamãs de povos oprimidos ganhando grandes poderes e muitos outros fatos divertidos, o caos se instaurou no mundo.

Além disso, um papa e um líder islâmico terem declarado que as novas raças e a magia eram coisa do demônio obviamente não ajudou em nada a situação.

Tenho certeza que vocês conseguem imaginar o estrago que a queda de internet causou na sociedade, principalmente porque a desgraçada foi destruída DUAS VEZES! Uma em 2029 por um super vírus de origem misteriosa e a outra em 2064 por um culto do juízo final.

Em 2072 o mundo embora ainda nos seja muito familiar, tem grandes diferenças geopolíticas em relação ao real, incluindo novas religiões disputando espaços com as antigas, novos países e novas fronteiras nos antigos que conseguiram se manter.

Os jogadores nesse cenário encarnam os shadowrunners, que são basicamente uma mistura de mercenários, criminosos e aventureiros de D&D!

Os tipos mais comuns de shadowrunners podem ser classificados em seis amplas categorias:

Adeptos – Canalizam magia para aprimorar suas habilidades físicas, são praticamente personagens de wuxia, aqueles filmes chineses mirabolantes de luta.

Faces – Os diplomatas do grupo, indivíduos especializados em passar a conversa em todo mundo.

Hackers – Invadem e manipulam computadores, o que é muito útil já que a automação é predominante em 2072. Além dos tradicionais também existem os technomancers, que são capazes de interagir com os computadores diretamente com suas mentes.

Mágicos – Os magos e xamãs que utilizam sua força de vontade para manipular as energias mágicas que se tornam cada vez mais fortes no mundo.

Riggers – Variação de hackers especializados em utilizar veículos e drones (robôs).

Samurais Urbanos – Os guerreiros do mundo moderno. Normalmente cheios de implantes que os tornam maquinas de matar muito eficientes.Quando um governo, corporação, sindicato criminoso ou mesmo indivíduo quer algo que exige uma ação discreta, ariscada e geralmente criminosa, sem correr o risco de se comprometer, contrata um grupo de shadowrunners.

A maior parte do tempo os runners nem fazem idéia de para quem estão realmente trabalhando, até porque muitos intermediários propositalmente deixam pistas falsas para parecer estarem a serviço de outros interesses.

Além de alguns dragões, também sobreviveram do quarto ao sexto mundo alguns elfos, esses dois grupos de sobreviventes são coletivamente referidos simplesmente como Imortais. E como não seria de se deixar de esperar eles tentam manipular o desenvolvimento da humanidade.

Alguns têm bons objetivos, outros querem quase literalmente entregar o planeta para o Chtulhu, mas a maioria são mais neutros, só querendo aumentar seu poder e riqueza.

Os shadowrunners acabam aprendendo mais sobre os segredos do mundo do que a maioria esmagadora da população jamais vai imaginar e também acabam muitas vezes sendo o pivô de grandes eventos.

Uma vez que os poderosos do mundo mantêm uma vigilância ferrenha entre si, acabam dependendo que seus agentes mortais se esgueirem por entre as frestas das defesas dos seus inimigos para realizarem o que precisa ser feito.

Quase como prender uma câmera de vídeo em um rato treinado e mandá-lo pelo esgoto para espionar uma base inimiga... quase...

...

Como?

Querem saber a diferença entre o shadowrunner e o rato?

...

Bom, o rato não pode hackear um satélite militar e disparar um canhão orbital na bunda de um dragão, ou derrubar um arranha-céu inteiro na cabeça de um elfo imortal, ou ativar um artefato e executar um ritual ancestral para despedaçar a ponte planar que as crias do Lovecraft estão cruzando.

Sim, shit happens; e os shadowrunners capazes de prosperar na profissão acabam especialistas em garantir que sejam os outros a pisar nela.

7 comentários:

  1. Shadowrun é um dos melhores cenários de RPG já criado. Na verdade, como comprei os livros em tempos beeem espaçados - só consegui meu Metagen há uns dois anos! - eu sempre achei que a questão da tecnologia antiquada era um bônus do cenário! Eu gosto da maneira como a tecnologia é encarada na versão original; é mais grosseiro, mais "duro", não sei explicar... Acho o cenário muito Jonny Mnemonic, só que com dragões!
    E a arte do jogo também sempre me atraiu bastante. Com bons trabalhos de Karl Martins, Jeff Laubenstein (que alguns jogadores de Magic talvez conheçam) e o espetáculo visual de Tim Bradstreet (que trabalhou bastante com Vampiro e também desenhou Hellblazer!), um dos meus desenhistas favoritos! As ilustrações são carregadas e o visual "oitentista" é algo que eu sempre gostei - e que se perdeu muuuito na 4ª edição... Na verdade, eu acho que o cenário perdeu mioto com a 4ª edição, tanto em termos de simplicidade funcional quanto na questão de personalidade. Já o sistema novo, eu nem analisei - porque meu livro do Shadowrun sumiu, e eu não teria paciência pra reler o sistema a partir de um PDF pra comparar as diferenças com a versão nova do jogo.
    Infelizmente jogadores de Shadowrun são ainda mais escassos do que jogadores de GURPS...

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  2. O visual mudou bastante realmente, claro que muita gente continua gostanto do design original da arte e da tecnologia do cenário, era muito legal mesmo, mas a modernização foi feita para agradar a maioria dos fãs, já que pediam por isso a tempos.

    Na minha opinião a parte bruta da tecnologia se manteve, o que foi alterado foram itens que em 2005 já eram uns calhambeques quando comparados com a tecnologia do mundo real. Mas o mundo de Shadowrun ainda é atulhado com borgs punks.

    Quanto a estética não se pode discutir muito, cada um gosta de um tipo de visual, mas um fato interessante é que na linha do tempo do cenário é citado que a moda predominante durante a década de 2050 foi "oitentista", tanto para vestimentas quanto para design de equipamentos.

    Shadowrun sempre foi considerado ótimo, mesmo assim nunca foi um dos mais populares, entretanto ele conta com uma legião de fãs fiéis que foram se acumulando ao longo dos anos.

    Quanto ao sistema de regras eu comparei por cima, reli o antigo e um pouco depois a 4ª edição, acredito que melhorou muito, ainda é bem complexo, mas ficou sensivelmente mais fluído.

    Para quem não faz idéia de como é o sistema do Shadowrun digamos que é um híbrido profano entre o Gurps e o Storytelling!

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  3. Ps: Adicionei os tipos básicos de shadowrunner no texto, tinha esquecido de comentar isso.

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  4. Apesar de eu não jogar rpg, achei o cenário muito bem bolado.
    Eu também curto a temática steampunk, a mistura de tecnologia futura com arcaica (como o laptop do Spider Jerusalém, que é simplesmente do caramba) e a intromissão de tecnologia antiga em um cenário futurista, como é o que parece ter ocorrido aqui.
    O Jeff Laubeinstein é um ótimo ilustrador (logo que comecei a jogar com deck verde e vermelho, usei o terreno Tocas de Mogg, desenhado por ele, que é RUIM DEMAIS!), já o grande Tim Bradstreet fez as capas do Justiceiro na fase em que ele foi escrito pelo Garth "Pé-Na-Porta" Ennis e, para homenageá-lo, no filme Justiceiro na Zona de Guerra aparece o "Hotel Bradstreet".
    Até sexta, Fábio.

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  5. A mistura de tecnologias acabou acontecendo inadvertidamente, quando o livro foi lançado era tudo futurista, mas com o passar dos anos o mundo real ultrapassou ele em vários pontos.

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  6. Shadowrun ainda segue Fábio? Tipo, ainda existem suplementos? Sempre achei a idéia mais interessante do que gurps cyberpunk, pronto, falei, agora o Domênico vai me matar.

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  7. Segue sim, firme e forte.

    Não publicam nada no Brasil, mas nos EUA e Europa (principalmente Alemanha) é bem popular até.

    Na primeira frase do post e coloquei o link do site ofícial do Shadowrun.

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