Por Fábio Ochôa
Alex Raymond-
Criador do Flash Gordon (feito para concorrer com o sucesso de Buck Rogers), Jim das Selvas (feito para concorrer com Tarzan) e Agente Secreto X-9 (em parceira com o escritor noir e beberrão em tempo integral Dashiell Hemmett, feito para concorrer com Dick Tracy), Raymond desenhava as três tiras simultaneamente na década de 30, como pauderescência pouca é bobagem, deixava a concorrência para trás, com um apuro técnico clássico, impecável, com boa influência dos mestres renascentistas.
Veio a guerra, Raymond foi lá matar japoneses a dar com pau no Pacífico, voltou e fez sua derradeira criação, o detetive Nick Holmes, em 1946, desse tenho alguns gibis, simplesmente ótimos.
Raymond, um tremendo bon-vivant, faleceu um ano após, em uma acidente de carro.
Harold Foster-
Outro desenhista clássico por natureza, Foster foi um pouco de tudo na vida, boxeador, lenhador, marinheiro, mas seu sonho mesmo era ser ilustrador... Coisa que nunca conseguiu. A vida tem lá suas ironias.
O esnobe mercado da Nova Iorque da década de 20 era fechado para aquele canadense bronco e o que restou de emprego na área para Foster, foram os quadrinhos, mídia que ele achava o cocô do cavalo do bandido, mas pagava (e bem) as contas, então, fazer o que né?
Com apuro, pesquisa e realismo absurdo para a época, Foster transformou a tira de Tarzan em um sucesso da noite para o dia. E ele estava satisfeito com isso? Mas claro que não!
Ele queria era escrever romances respeitados e ilustrar para as grandes revistas, como a New Yorker, não ficar gastando suor e talento nas aventuras de um sujeito que ficava pulando de cipó em cipó usando uma sunga de leopardo.
No princípio da década de 30, Foster chutou o pau da barraca e a tira do Tarzan no auge da fama e inventou de fazer uma tira própria: O Príncipe Valente.
Mas pra quê... Sucesso da noite para o dia, escreveu e ilustrou o personagem ao longo de 40 anos, com o detalhe curioso que o personagem principal envelhecia ainda que mais lentamente que no tempo real, ele começa como um pré-adolescente na tira e quando Foster a abandona ele é um senhor quarentão pai de dois filhos.
A tira virou referência para ilustradores de todo o mundo e é considerado um dos maiores romances gráficos de todos os tempos. Ironias da vida.
Burne Hogarth-
Quando Foster abandonou a tira de Tarzan, encontrar um substituto à altura foi um tremendo problema.
A solução veio com o professor de desenho Burne Hogarth... Tudo que Foster tinha de clássico, Hogarth tinha de barroco e dramático, em seu traço tudo é dinamismo, energia e parece ter vida própria.
Pelo menos até surgir Jack Kirby e dar outra dimensão à palavra dinamismo, mas aí já é outra história...
Dele eu tenho os quadrinhos de Drago, uma tira que ele desembestou de fazer nos anos 40, quando se cansou do Tarzan e achou que tinha cacife para fazer uma tira própria.
Bem, não tinha.
Drago durou apenas um ano e é um curioso e caricato cowboy gaúcho que vaga pelos pampas argentinos em uma visão tão estereotipada que chega a ser involuntariamente engraçada.
Mas que a arte era um arraso, isso ela era.
Bernie Krigstein-
Desse eu tenho que admitir que não sei quase nada a respeito dele.
Li apenas três histórias que ele ilustrou para a saudosa Cripta do Terror, dos anos 50, mas bastou para marcar.
O traço é belíssimo, moderno, elegante. É inacreditável que estas páginas de quadrinhos foram feitas em 1954.
Alex Toth-
Quem disse que menos é mais, provavelmente deveria estar pensando em Alex Toth.
O auge da sua carreira nos quadrinhos foi nos anos 50 e 60, onde ele levou o minimalismo a outro nível, nada em seus quadros é desnecessário, sem perder nada da força dramática e da expressividade.
Ele foi um dos principais designers da Hanna Barbera, estando por trás dos modelos de personagens para séries como Space Ghost, Herculóides e Superamigos.
Sua influência é presente até hoje em artistas como David Mazzuchelli, Paul Revere e Michael Lark.
Fábio Ochôa
Infelizmente nunca li estas hqs megafodásticas de outrora...
ResponderExcluirTenho um gibi do Flash Gordon em formatinho que foi lançado na década de 80 e só.
Estes artistas de tempos atrás mandavam muito bem, e hoje em dia tem muito autor que trabalha em um único título por mês e ainda se acha o cara.
Li um texto do Howard Caykin em uma edição especial da estupidificante 100 Balas (acho que foi o Rafael que me emprestou) em que ele fala que o minimalismo é uma desculpa muito usada por diversos desenhistas atuais para mascarar sua preguiça.
Parece que é verdade, os caras tentam imitar os mestres do passado, ao invés de aprender com eles.
Valeu.