quarta-feira, 9 de março de 2011

A Legião dos Super Heróis de Paul Levitz e Keith Giffen

Por Jacques


Todo super herói (ou grupo deles) tem aquela fase emblemática (e, se não tem, deveria ter), que o marca definitivamente, define seus objetivos e motivações e entra para a galeria de histórias preferidas dos leitores.


Esta foi provavelmente a melhor fase da hq da DC Comics L.e.g.i.ã.o. (Liga Extra-Governamental Interestelar Adjuvante da Ordem) dos Super Heróis, pois nela foi mostrado que eles eram heróis de verdade, prontos para colocar a vida em risco para salvar a vida de desconhecidos.


Alguém aí pode gritar: “Mas com cinto projetor de campo de força fica fácil, né?”.


Mesmo assim.





O roteirista Paul Levitz (que depois veio a se tornar Presidente da DC Comics) e o roteirista e desenhista Keith Giffen (que tem por hábito avacalhar ao máximo os super heróis que caem em suas mãos, como a Liga da Justiça e Os Defensores) fizeram desta hq um clássico, do tipo que, sem exagero nenhum, será lembrado pelas próximas gerações de leitores.


Criados na década de 50 por Otto Binder e Al Plastino, os legionários até então nada mais eram do que um grupo de jovens superpoderosos do século XXX que fazia aparições nas hqs do Superboy (o original, que teve suas histórias publicadas por aqui pela Ebal e se divertia perseguindo asteróides com o Krypto).




[caption id="attachment_3657" align="alignleft" width="194" caption="Uma das belas capas da época"][/caption]

Seu fundador foi o zilionário R.J. Brande (que, na verdade, era o Durlaniano da Legião do presente, pai do legionário Camaleão), que criou a Legião para continuar o trabalho de Vril Dox, coluano filho de Brainiac e ancestral de Querl Dox, o Brainiac 5.



Os membros originais foram Satúrnia, Cósmico e Relâmpago (que na malfadada série Smallville homenageia Paul Levitz ao fuçar as coisas de Clark Kent e dizer que viu sua primeira bola de baseball no “Museu Levitz”), e a Legião funcionava mais como um centro de treinamento para seres superpoderosos de diversas partes do Universo, foi somente nesta fase que pôde se levar o grupo mais a sério.


A Legião desta época combatia, além de seus inimigos tradicionais (como o Quinteto Fatal (Persuasor, Validus, Princesa Esmeralda, Mano e Tharok), os Khúndios, o Devorador de Sóis, o feiticeiro Mordru, Zoroastro e Universo (que dominou mentalmente quase toda a Legião e era pai de Rond Vidar, que veio a se tornar o único Lanterna Verde do futuro)); inimigos à sua altura (ou muito acima dela), como Darkseid (a Saga das Trevas Eternas, reunida em volume único pela Panini), o enigmático Profecia e o perverso Senhor do Tempo.


Os cintos projetores de campo de força e os anéis de voo (como aquele larapiado pelo Gladiador Dourado) haviam sido inventados por Brainiac 5 e eram equipamentos padrão da Legião.



Além dos ótimos quebra paus em meio a um cenário de ficção científica, os problemas envolvendo os personagens (como Pulsar, que era apaixonado por Vésper, mas não tinha um corpo físico e Brainiac 5, que colocava a lógica acima dos sentimentos), os conflitos sobre quem mandava em quem quando (os líderes eram temporários, escolhidos por votação), a rebeldia e as disputas de ego ajudavam a tornar os legionários mais carismáticos e as histórias mais interessantes.


E com nomes como Ultra Rapaz, Karatê Kid (que, com uma gola daquele tamanho, nem precisava de cinto projetor de campo de força...), Polar, Saltador, Lobo Cinzento, Sonhadora e Rapaz Invisível, as histórias tinham de ser obrigatoriamente boas.


Merecem destaque ainda os desenhos do talentoso Greg Larocque (que talvez tenha sido o melhor desenhista que a Legião já teve) e as belas capas de Steve Lightle.



Assim como no gibi do Fantasma, onde aparecia o “ditado da selva”, aqui tínhamos verbetes da Enciclopédia Galáctica, Guia Terrestre para Turistas, despachos da Polícia Científica (de quem a Legião descascava os abacaxis azedos demais), Geografia Galáctica, Almanaque Abril (?!) e ditados populares dos comerciantes (como “Na Terra, nada é impossível!”), que auxiliavam o leitor na hora de saber onde a história se passava.




[caption id="attachment_3658" align="alignright" width="195" caption="O clássico inimigo Mordru"][/caption]

Acredito que saudosismo exagerado não leva a nada, mas para quem leu as fases mais recentes da Legião, como a de Mark Waid e Barry Kitson (que mandaram muito bem na ótima saga Liga da Justiça – Ano Um), que fizeram dos legionários um bando de adolescentes que passam a maior parte do tempo babando pela Supermoça, a saudade atinge com a velocidade de um trem bala.



Obras atemporais, além de abordarem temas comuns a todo ser humano, ficam marcadas por suas tiradas sarcásticas e frases de efeito.


Para aqueles que ainda não leram ou nunca ouviram falar desta magnífica hq, fica um breve e perspicaz diálogo (entre o megapoderoso Senhor do Tempo e Brainiac 5), que define bem o tom desta Legião clássica:


“Um exército não poderia me deter!”


“Nós não somos um exército... Nós somos uma Legião!”

6 comentários:

  1. Achava legal o cenário da Legião, apesar dos nomes dos heróis não ajudarem muito - Ultra Rapaz é de doer. Na época os nomes eram traduzidos, hoje a gurizada prefere o nome em inglês mesmo. Acho que o mais difícil era inventar os nomes que as siglas significavam - Liga Extra-Governamental Interestelar Adjuvante da Ordem mata a pau!

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  2. essa faseda Legião era muito boa. A saga das trevas eternas é clássico!

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  3. Acho que hoje em dia estes nomes escabrosos nã vingariam...
    E alguém queimou alguns neurônios para bolar essa sigla.
    Pode apostar!

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  4. Clássico com C maiúsculo!
    Essa é uma hq obrigatória para quem não conhece a Legião.
    Até mais.

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  5. Gosto muito da legião. acho que é porque eu tenho mais facilidade em sacar eles como grupo mesmo, diferente da liga da justiça, em que cada personagem tem um peso individual maior e o roteirista dá um jeito de cada um "aparecer" em algum momento..
    até a próxima!

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  6. Sem dúvida, o senso de união é um dos grandes atrativos da Legião.
    E o carisma dos personagens também ajuda bastante.
    Até mais.

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