domingo, 13 de fevereiro de 2011

A Escalada do Monte Improvável, de Richard Dawkins

Por Jacques


Este livro de Richard Dawkins, da Editora Companhia das Letras, é uma defesa consciente e sincera da Teoria da Evolução e a Seleção Natural, dois triunfos do pensamento humano.


A teoria da seleção natural, também conhecida como “a sobrevivência do mais apto” ou “corrida silenciosa pela sobrevivência” foi enunciada por Charles Darwin em seu livro definitivo “A Origem das Espécies” e serviu para retirar a espécie humana do pedestal onde ela havia se colocado e classificá-la como apenas mais uma espécie animal.


 




Esta genial teoria pode ser exemplificada pela famosa frase da Rainha Vermelha em As Aventuras de Alice Através do Espelho, de Lewis Carroll onde ela diz a Alice “Você tem que correr muito apenas para conseguir permanecer no mesmo lugar”.


A teoria da seleção natural é erroneamente enunciada como a “teoria do acaso”, mas na verdade ela é uma teoria de mutações aleatórias (do latim “aleatorium”, que quer dizer “dado”) somadas à seleção natural cumulativa não aleatória.


Para exemplificar como a evolução funciona (guardando o que presta e jogando fora o que não presta), Dawkins explica como as teias de aranha são criadas e, utilizando um programa de computador, o NetSpinner, ele simula como seria a evolução sistemática das teias pela mudança nos “genes” artificiais, que alcançam seu ápice em poucas gerações.



A expressão “Monte Improvável” é uma analogia utilizada por Dawkins para exemplificar um objetivo inalcançável, como estruturas naturais consideradas demasiadamente complexas, como o olho humano, que é usado por muitos como exemplo de algo que a seleção natural não poderia ter criado.


Dawkins rebate este argumento relatando que o olho evoluiu em diversas espécies animais independentemente de 40 a 60 vezes, e ele exemplifica como seria a formação do olho passo a passo, através de mutações aleatórias simples, porém gradativas e significativas.


E também cita o exemplo do peixe Bathylychnops exilis,(peixe dardo assustador, ou javelin spookfish, abaixo) que possui um olho de peixe normal voltado para fora em posição normal e um olho secundário voltado para baixo, provavelmente usado para que ele possa avistar um possível predador que o ataca por baixo.



Se olhos são tããão difíceis assim de serem desenvolvidos, então como esse peixe desenvolveu um par adicional deles?


E para aqueles que sustentam a hipótese que “apenas uma pequena parte de um olho (ou de uma asa) não tem serventia alguma”, Dawkins argumenta que, para quem é 100 % cego, 1 % de visão já faria uma grande diferença.    


Segundo Dawkins, o organismo que sai ganhando nas muitas associações que ocorrem entre diferentes espécies, como formigas e o pseudobulbo (abaixo) da planta formigueiro (que desenvolveu cavidades adaptadas para as formigas viverem e se alimenta de seus resíduos) é a molécula de dna, que se utiliza dos seres vivos como se eles fossem apenas veículos para se perpetuar.



Esta é com certeza uma das opiniões mais radicais de Dawkins, mas ele está no seu direito.  


Assim como Carl Sagan, que utilizava maneiras simples de demonstrar e racionalizar sobre fenômenos aparentemente complexos, Richard Dawkins explica suas teorias e conclusões de forma elegante e concisa.


Este livro agrada a qualquer um que não acredite em soluções fáceis ou fantasiosas, que coloque a coerência, o raciocínio e a sensatez acima de suas crenças pessoais. 


E, da forma que Dawkins escreve, até mesmo Criacionistas (que devem ser a prova viva de que Deus não existe, pois, caso existisse, não teria criado, à sua imagem e semelhança, seres tão cognitivamente deficitários) e seguidores da teoria debilóide do “Design Inteligente” (uma teoria idiota demais para ser explicada em um texto sobre um livro tão sério) conseguem entender o que ele diz.



Sinceramente, conseguir fazer com que este tipo de gente aprenda alguma coisa que não seja dogmática é uma tarefa deveras difícil.


Tão difícil quanto escalar um Monte Improvável.

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