domingo, 23 de janeiro de 2011

A Máquina de Governar, de Philip K. Dick

Por Jacques


Philip K. Dick (ou, simplesmente, PKD) é um dos maiores escritores de ficção científica de todos os tempos, pois sabia como ninguém criar cenários verossímeis, realidades fantásticas e personagens convincentes.


Tudo isso, é claro, em meio a ótimas histórias.


Este livro, da Editora Livros do Brasil, de Lisboa (pertencente à clássica Coleção Argonauta), é um bom exemplo disso.


Aproximadamente 500 anos no futuro, o planeta é governado por uma instituição denominada Unidade, que recebe ordens de dois supercomputadores gigantescos, apelidados de Vulcan 2 e 3.


Isso ocorre porque no final do século XX houve uma guerra nuclear e, para se evitar que ela viesse a se repetir, tirou-se o poder de decisão dos seres humanos e o passaram à máquina.


A história começa com o assassinato (Vocês já notaram que muitas boas histórias começam dessa forma?) de um Diretor (agente da lei), Arthur Pitt, no interior de seu carro, por um bando de Curandeiros, que é como são chamados os integrantes do grupo rebelde chamado Movimento, contrário ao governo.




[caption id="attachment_3721" align="alignleft" width="182" caption="Philip K. Dick"][/caption]


Acontece que, logo após essa morte, alguém desliga uma pequena câmera conectada ao painel do veículo, que nem este Diretor sabia existir.


Cabe a outro Diretor, William Barris, investigar o que está por trás da morte de Pitt, que ocorre simultaneamente à destruição de Vulcan 2.


Repete-se aqui o cenário de paranóia comum nas obras de Dick (como em Minority Report e O Homem Duplo), pois um Diretor só consegue subir de cargo denunciando seus colegas ou armando contra seus superiores.


Esse clima de “todo mundo dedurando todo mundo” reflete o que ocorria no governo de Richard Nixon, que fazia o que bem entendia e atribuía seus erros cometidos às minorias sociais.


Parece que o maior temor de Dick era a desumanização e uniformização do ser humano por parte das autoridades (humanas ou não), e ele usava a ficção científica para conscientizar as pessoas sobre assuntos como totalitarismo, privação de liberdade e abuso de poder.


E ele fazia isso melhor do que ninguém.

3 comentários:

  1. estou em falta com a leitura das obras do p.k dick, mas as adaptações das suas obras são tão interessantes que dá vontade de ler. cerá que encontro " a máquina de governar"? este tema sobre controle, sobre os mecânismos que criamos para nos controlar é um tema que me interessa pra caramba, e a idéia de retirar o controle de nossas mentes que as vezes falham por estarem sujeitas a nossa própria humanidade seria como se de repente desistissemos de tudo mesmo. fiquei bastante curioso.
    um abraço!

    ResponderExcluir
  2. hehe, mil perdões pelo "cerá" com "c".essa doeu.

    ResponderExcluir
  3. Eu já vi esse livro com o título de Os Martelos de Vulcano (o título original é The Vulcans Hammer) pela Ediouro.
    Além desse, eu li do PKD A Loteria Solar, que também é bem divertido.
    Os temas abordados por esse autor são bem instigantes e eu realmente acho que ele vale muito a pena.
    E não, você não está perdoado não.
    Até mais.

    ResponderExcluir

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...