sábado, 13 de novembro de 2010

De gênio e de louco, todo Grant Morrison tem um pouco

Por Jacques


Existem basicamente três tipos de histórias escritas por Grant Morrison: as de super-heróis normais (que todo mundo entende), as que misturam super-heróis com viagens psicodélicas (que quase todo mundo entende) e as viajandonas (que só ele entende).


Acho que é por somar esses diferentes estilos de escrita a uma imaginação sem limites mensuráveis que Grant Morrison é hoje um dos roteiristas preferidos dos fãs de hqs.



Morrison começou sua carreira nos quadrinhos ingleses, mas realmente chamou a atenção do mundo com a edição especial Asilo Arkham, que foi belissimamente ilustrada pelo genial capista de Sandman, Dave Mckean, e com sua versão tresloucada do apagado personagem Budy Baker, o Homem-Animal, isso lá na década de 80 (aqui no Brasil, esta fase foi publicada no saudoso gibi DC 2000).


Sob sua batuta, Budy viveu as situações mais absurdas possíveis e imagináveis (até mesmo para um super-herói de gibi), como ser desintegrado e reconstituído pelos chamados “Aliens Amarelos” e, sob o efeito do alucinógeno peyote, virar-se para o leitor e dizer que podia vê-lo.




[caption id="attachment_3723" align="alignleft" width="197" caption="O genial traço de Brian Bolland"][/caption]


Essa hq tornou-se clássica e admirada por muitos leitores, pois uniu ficção científica, humor, mensagens ecológicas (isso quando elas ainda nem estavam na moda) e ação, sem contar as inusitadas capas criadas por Brian Bolland.


Foi nesta mesma época que Morrison assumiu a Patrulha do Destino (onde introduziu ótimos personagens, com Jane Maluca, com 64 personalidades diferentes, cada uma com um poder) pois era fã daquele bizarro grupo e achava que ela estava, segundo ele mesmo, “muito certinha”.


As capas da Patrulha ficaram a cargo do psicodélico Simon Bisley, conhecido por seu trabalho nas mini-séries do Lobo e Juiz Dred.


Na década de 90 ele escreveu a Liga da Justiça, fazendo o possível para que o grupo voltasse às origens, com histórias divertidas e cinéticas, vilões clássicos (que todos adoram odiar) e super-heroísmo de primeira.


Os X-Men também foram reorganizados por Morrison, que, ao lado do inigualável e desbundante Frank Quitely, aboliu os uniformes gritantes, mandou a cronologia pras cucuias e deixou bem claro que a tão sonhada paz entre humanos e mutantes era cientificamente impossível.



É óbvio que, após a saída de Morrison deste título, os uniformes ridículos voltaram à cena.


No selo Vertigo, ele criou a prolixa série Os Invisíveis, que supostamente os irmãos Wachowski plagiaram para desenvolver Matrix; o que fez com que Morrison os processasse, mas como ambas as séries pertencem à DC Comics, o processo foi arquivado. 


Também pela Vertigo ele criou, novamente ao lado de Frank Quitely, uma das hqs mais incríveis e alucinantes dos últimos tempos; WE3, onde um cão, um gato e um coelho, portando armaduras ultra-avançadas, literalmente detonam quem estiver pela frente em sua busca por um lar.



Talvez sua hq mais viajona (até agora) tenha sido Os Sete Soldados da Vitória, que ele baseou em um grupo pouco conhecido do passado da DC (uma verdadeira Caixa de Pandora), criando sete mini-séries com sete personagens diferentes, cada uma delas abordando um diferente ponto de vista da mesma história.



Se alguém lhe disser que entendeu direitinho essa saga, pode crer que esta pessoa está mentindo ou tentando se passar por mais inteligente do que é, o que não passa de burrice.




[caption id="attachment_3725" align="alignright" width="181" caption="Frank Quitely na veia"][/caption]

Outra saga que deixou os fãs embasbacados de desorientação foi a Crise Final, teoricamente criada para acabar com as crises que afetam o Universo (ou Multiverso?) DC de tempos em tempos.


Quando, daqui a algum tempo, sair a Crise nas Infinitas Crises, inventarão alguma desculpa esfarrapada.


Com histórias absurdas ou não, acredito que Grant Morrison (ao lado de Mark Millar, Brian K. Vaughn e Brad Meltzer), é hoje o que Alan Moore foi nos anos 80: um escritor que sabe quais são os rumos que as hqs (de super-heróis ou não) tomarão daqui para frente.


E se, para continuar criando ótimas hqs, ele se permitir expressar eventuais rompantes de megalomania, tudo bem.


Uma coisa compensa a outra.

5 comentários:

  1. [...] roteiristas deste pragmático grupo são Warren Ellis (que o criou), Marc Millar, Keith Giffen e Grant Morrison, e os ilustradores são Bryan Hitch, Gene Ha, David Williams, o embasbacante Frank Quitely, [...]

    ResponderExcluir
  2. [...] Warren Ellis é uma mistura da bizarrice genial de Garth Ennis com a hiperatividade divertida de Grant Morrison. [...]

    ResponderExcluir
  3. [...] forma criativa, seja para subjugar adversários (como na primeira história da Liga da Justiça de Grant Morrison, em que ele consegue ativar um gânglio vestigial no cérebro de Zum, do Hyperclan, e deixá-lo no [...]

    ResponderExcluir
  4. [...] também fez parte da reformulação da Liga da Justiça por Grant Morrison e Howard Porter, onde a formação conhecida como “Os Sete Magníficos”, composta por [...]

    ResponderExcluir
  5. [...] antes de Grant Morrison colocar o pau da barraca dentro de um balde e dar uma bica em ambos com sua destrambelhada e [...]

    ResponderExcluir

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...