domingo, 30 de maio de 2010

A Marvel divã (e a DC também)

Por Rafael


Assiti a uma palestra do psiquiatra Nei Guimarães Machado na Sociedade Sigmund Freud, aqui em Pelotas, sobre os heróis dos quadrinhos à luz da psicopatologia.


Fã dos quadrinhos que surgiram nos anos 40, Nei Machado mencionou uma dezena de figuras heroicas, passando pelas biografias deles, suas façanhas, inimigos e traços patológicos ou do desenvolvimento psíquico. Observou que os traumas de infância são decisivos na aparição de certos "heroísmos", as vinganças e até de patologias mentais.


A bipolaridade do Super-Homem (triste versão do ideal de Nietzsche) e a do Incrível Hulk (reedição do Médico e o Monstro) contrastam com a falta de superpoderes do esquizoide Fantasma.


O Capitão América teve um sentido político durante a Segunda Grande Guerra: no número 1 da revista - relatou o palestrante - "o marmanjo aparecia dando uma sova em Adolf Hitler", vilão da realidade, muito recordado como personificação de desajuste mental e social. Chaplin representou esse conflito, mais elegantemente, no filme "O Grande Ditador".


Sobre o Homem-Aranha, o dr. Machado escreveu em 2002 - quando saiu o primeiro filme - que se tratava de uma simbolização do despertar sexual da adolescência (leia o artigo). Por outro lado, Batman tem características depressivas, paranoides e homossexuais. A Mulher Maravilha representa a liberação da mulher nos anos 60, e assim por diante.


Os diversos super-heróis podem ter significados políticos - construídos com diversas características de anormalidade mental ou com superpoderes simbólicos (as cores americanas no uniforme do Super-Homem) - ou simplesmente psicológicos, com a idealização ou exagero de traços de personalidade ou de momentos do desenvolvimento humano. O mesmo pode ocorrer nos personagens dos contos, dos quadrinhos, da TV e do cinema.


Na palestra ele também comentou sobre dois livros muito interessantes: Psicanálise dos Contos de Fadas, de Bruno Bettelheim, Ed.Paz e Terra, São Paulo (ao qual tive acesso e é muito interessantes) e Fadas no Divã, de Mário e Diana Corso, Ed. Artmed, Porto Alegre.



Um comentário:

  1. Ah, os psiquiatras... sempre tentando dar sentido à todas as coisas, à luz do herr Freud...

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