sábado, 20 de fevereiro de 2010

Aldous Huxley, Avatar e Star Wars

Por Rafael



Tanta coisa pra escrever e tão pouco tempo... Carnaval é bom. Bom pra pôr a leitura em dia. Agora tenho que escrever e não me sobra tempo, mas aos poucos vai saindo. Há pouco tempo li Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley, ao qual darei um post especial, mais tarde, e agora me caiu em mãos A Ilha, do mesmo autor.


Numa noite assisti Avatar e na noite seguinte li A Ilha. É incrível o que a imaginação humana é capaz. Gostei muito do filme: as criaturas, as cores, a flora, a luminescência... Muito criativo. Porém, a história...


Eu sempre reclamei do maldito romance intitulado Star Wars: o ataque dos clones. Devia se chamar "o ataque dos nerds", pois eu quase tive um! Pra quê serve aquele bobagem romântica entre Anakin e Padmé, com direito a pic-nic no campinho e tudo? Onde estão as lutas de espada e as perseguições de naves espaciais? Na trilogia antiga Star Wars era um filme de ficção e não um blockbuster com direito a piadinha infame, romance e ação.


Parece que o cinema atual não liga mais para estilo, fãs ou criatividade. Mais uma vez o capitalismo reinou e destruiu essa forma de arte.


Avatar é um blockbuster. Também tem romance, além da eterna propaganda americana, que insiste em colocar na nossa cabeça que todo estadosunidense é capaz de tudo. Assim como em Forest Gump, onde um cara com retardo mental (mas norte americano) salva soldados, recebe condecorações do presidente, cria a Apple e se dá bem na vida, assim como em o Resgate do Soldado Rian, onde um americano é leal a seu país acima da família e da própria vida, Avatar mostra que um povo precisa da liderança de um americano para vencer uma guerra. Mesmo ele sendo desengonçado, tendo voltado a andar em poucas semanas, usando um corpo que não o seu, sendo barulhento e babaca, tocando nas florzinhas pra eles acenderem e fechar, ele é capaz de organizar várias nações e combater o inimigo.


Em A Ilha, um jornalista, que vive em um mundo violento e totalitarista, ditado pela massificação cultural, descobre uma ilha na Indonésia, onde se desenvolveu uma sociedade auto-suficiente, baseada no equilíbrio entre ciência, natureza e espiritualismo. Porém a cobiça de países vizinhos, que desejam explorar as riquezas de tal ilha, está prestes a acabar com esse paraíso. A história é muito original, publicada em 1962, um ano antes da morte do autor. Foi escrito com muita crítica à exploração e à cultura de formação de massas, assim como outros livros seus (Admirável Mundo Novo, por exemplo). É quase igual a Avatar ou mesmo a Pocahontas, só que escrito antes.


Avatar se encaixa nessa onda de re-filmagens de clássicos dos anos 80. É muito mais que um movimento nostálgico de desespero ideológico, é apostar no que dá certo: pegar um filme bom e encher de efeitos especiais modernos. Não para fazer o filme melhor, mas para ter lucro certo. Avatar não é refilmagem, mas possui os temas certos, na dosagem certa, como uma receita de bolo pronto pra ser vendido.





[caption id="attachment_1082" align="aligncenter" width="300" caption="Esse é sucesso: Dona Flor em Brokenback Star"][/caption]

[caption id="attachment_1083" align="aligncenter" width="300" caption="Wallpaper d-i-v-i-n-o!"][/caption]


Um comentário:

  1. Sim, mas o quê mais esperar do James Cameron?
    Orçamentos absurdos + divulgação massiva = Academy Award.

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