segunda-feira, 9 de novembro de 2009

20 anos da queda do Muro de Berlim

Por Rafael


Thefalloftheberlinwall1989Eu tinha 10 anos quando ocorreu a queda do muro de Berlim. Brincava de Comandos em Ação na sala de casa enquanto meus pais viam a notícia na TV. Na época não entendia e pouco me interessava o que significava a divisão da Alemanha em ocidental e oriental, em comunista e em capitalista.


Lembro-me que a primeira coisa que me veio à cabeça foi uma piada que não faria mais sentido a partir de então (e não faz sentido nenhum hoje): numa reunião entre representantes de importantes Estados estavam Gorbachev, Krenz e Ulisses Guimarães conversando, quando Gorbachev esfrega a mancha que tinha na testa e diz "essa mancha é como a União Soviética, nunca se dissolverá". Krenz, então, baixa a calça e mostra a bunda dizendo "a Alemanha é como minha bunda, nunca se unirá". e Ulisses, um pouco constrangido, baixa a calça, mostra o "piruleco" e diz "Esse é o Brasil, nunca levantará".


Mal imaginava eu que estava ocorrendo um evento que mudaria o mundo. A queda do muro de Berlin não foi só um fato unificador de um povo, mas um símbolo da decadência de todo um regime político. As conseqüências foram desencadeando uma modificação mundial de mesma significância que a Revolução Francesa causou em 1789 (200 anos antes).


Foi o fim oficial da Guerra Fria. A União Soviética não passava de uma velha e ultrapassada máquina, corroída pelo tempo e ostracismo. Os Estados Unidos emergiram como uma isolada super-potência. Segundo palavras do sociólogo francês François Furet, "A divindade histórica treme nas suas bases".


Na Europa, foi um marco no temido século XX. Século de revoluções civis, que deram início à I Guerra Mundial, em 1914, originando o fascismo, o nazismo e a revolução comunista Russa.


Nesse momento Saddam Hussein invadiu o Kuwait, na Guerra do Golfo, permitindo aos Estados Unidos provar sua inquestionável potência bélica e fazendo com que antigos inimigos se juntasse contra o chamado "eixo do mal", como o caso da ainda existente URSS lutando ao lado do velho Bush.


Na América do Sul sucede um ciclo de quedas de ditaduras. A influência cubana cai bastante e  ocorre um processo de instauração da Democracia entre os países. A Ásia responde com uma forte valorização de seus costumas, repudiando os "enlatados" ocidentais, mostrando que os EUA não seriam juízes dos padrões de democracia local. A África assiste uma Angola em fúria, dilacerada por uma guerra civil, alimentada pelo armamento dos países desenvolvidos.


Gorbachev, seguidor de Karl Marx, decidiu desestagnar a máquina Russa, modernizando-a economicamente através dos planos Perestroika e Glasnost. Já a China, fez a Perestroika, mas não fez questão da Glasnost. Gorbachev perdeu o poder e perdeu a URSS. Foi derrotado no que parecia ao seu alcance - a reforma econômica -, mas venceu no que parecia impossível: o desmantelamento de um regime totalitário. Radica aqui a diferença entre o novo e o velho mundo.


A Europa, pela primeira vez em 4000 anos, caminha junta, idealizando e promovendo a União Européia.


Na década de 90 (que muitos acham que são os anos que deveriam ser esquecidos), o Liberalismo Econômico mostra sua verdadeira face, enterrando países como a Argentina em dívidas. Porém dando margem à China, ainda sem Glasnost, inundar o mundo com produtos de baixao custo de produção.


Empresas superfaturam com a Globalização, instalando fábricas em países em desenvolvimento, abençoadas com incentivos fiscais e mão de obra barata, muitas vezes escrava. Algumas grandes empresas atingem, por causa disso, um "PIB" maior que de alguns países do G8.


Os EUA do Bush burro (ou muito espertinho?) perdem a máscara com a velocidade da notícia ao alcance de todos, movida pela rede de computadores por eles mesmo desenvolvida.


Hoje, crianças brincam com bonecos fantásticos de desenhos japoneses e não mais de soldados americanos que tentam banir o mal do mundo. Os pais seguem vendo notícias pela TV, mas com tecnologia digital japonesa. Muros continuam caindo, mas os motivos são bem diferentes dos do "tranqüilo" 1989.

7 comentários:

  1. Oi Rafael,
    O triste é que ao mesmo tempo que muitos muros caem, outros sao erguidos! Que grandes empresas atingem um “PIB” maior que países do G8? Fiquei curiosa.
    Um abraco,
    Sandra

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  2. E ai Rafael, poxa 'me diz se gosta"?Nota 10 o testo, muito bom mesmo.
    "Brincava de Comandos em Ação na sala de casa enquanto meus pais viam a notícia na TV", hehehe.Eu também fazia isso e me lembro direitinho das noticias falando sobre a queda do muro de Berlim.Valeu pela visita no SeriousLove e tens mais um parceiro nesse EXCELENTE blog.Você é de POA também??
    Valeu, abraços...

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  3. Muuito bom o post, realmente faz lembrar de alguns momentos ....

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  4. post acima do blog http://depenochao.wordpress.com/

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  5. Caro Rafael, muito lúcida sua análise. Parabéns pelo texto. Vou marcar seu blog em meu favoritos. Um abraço!

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  6. Rafael, muito interessante seu post. Deveras, a queda do muro representa uma ruptura de proporções mundiais. O falido socialismo dava lugar à máquina capitalista, enquanto o resto do mundo via enfraquecer os regimes ditatoriais, que ainda teimam em dar as caras de vez em quando, mas com reprovação quase unânime ao redor do planeta. A abertura da cortina de ferro serviu ainda para mostrar à humanidade, mais uma vez, que impérios vêm e vão. Cedo ou tarde atuais gigantes irão se quedar diante das armadilhas criadas pelo neoliberalismo. Não é querer ser apocalíptico, mas a recente crise financeira foi apenas uma demonstração do que estar por vir, ainda mais se considerarmos que a mesma política econômica vem sendo mantida.
    Voltando à queda do muro, o jornalista Jamil Chade, do Estadão, está percorrendo a antiga Europa socialista, relatando em seu blog os destroços do regime comunista. Vale a pena conferir: http://blogs.estadao.com.br/jamil-chade/

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  7. Oi Rafael,
    A queda do muro é realmente um marco que desencadeia um monte de outros acontecimentos na história!
    Muito bom seu texto!!

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