Por Jacques
As trindades aparecem em diversas religiões ao redor do mundo desde os tempos em que o graveto em chamas representava o auge da tecnologia bélica humana.
Entre as mais conhecidas estão a Deusa Tríplice (Donzela, Mãe e Anciã), na wicca, Atropos, Clothos e Lachesis, na mitologia grega, Brahma, Vishnu e Shiva, na indiana, Wurd, Skuld e Verdandi, na nórdica e Pai, Filho e Espírito Santo no cristianismo.
Os significados destas trindades são muitos: as três fases da lua (cheia, crescente e minguante), Bem, Mal e Neutralidade; Passado, Presente e Futuro; Infância, Maturidade e Velhice; Criação, Conservação e Destruição; Início, Meio e Fim; corpo, mente e alma.
Acredito que a trindade surgiu quando nossos ancestrais, no lento desenvolvimento de seus cérebros, começaram a classificar os objetos usados em seu dia a dia de acordo com sua função.
Tomemos a pedra como exemplo. A pedra que era usada para quebrar a cabeça de um animal e, assim, fornecer alimento para muitos indivíduos era uma pedra “boa”. Já a pedra que caía no pé de alguém, o cortava e fazia com que este indivíduo morresse de septicemia, era uma pedra “má”.
Com o tempo viram que a pedra sozinha não podia fazer nada além de criar limo ou sofrer erosão, e foi aí que perceberam que era a ação humana que dava a pedra o seu significado, e então criaram a neutralidade.
[caption id="attachment_3899" align="alignright" width="135" caption="A Deusa Tríplice"][/caption]
O aspecto de uma trindade que aparece em uma trilogia é aquele que remete ao tempo de duração de uma vida humana, ou seja, Infância, Maturidade e Velhice.
No primeiro filme somos apresentados aos personagens, no segundo o bicho pega e no terceiro o bicho pega mais um pouco e tudo se resolve.
Isso, é claro, é o que acontece em uma trilogia honesta, com começo, meio e fim e nada mais; o que é algo cada vez mais raro no cinema comercial atual, onde a regra é realizar continuações até a exaustão e depois apertar o botão de restart.
É por isso que são poucas as trilogias dignas de serem citadas: O Poderoso Chefão é uma das mais icônicas (embora a terceira parte tenha ficado a dever), e em O Senhor dos Anéis e De Volta Para o Futuro os três filmes são um só; Matrix e Piratas do Caribe, a despeito dos muitos milhões faturados, deveriam ter ficado só no primeiro filme.
Com Blade (que originou toda a nova safra de filmes de super-heróis, para o bem ou para o mal), X-Men e Homem-Aranha ocorreu um fenômeno interessante: nas três trilogias o primeiro filme saiu convincente, o segundo foi o melhor e o terceiro deixou o pessoal se perguntando “Mas porque foi que fizeram isso?”
Se bem que no caso dos filmes de super-heróis está se repetindo o que acontece nas hqs: são feitas trocentas histórias e aquelas que prestam são lembradas, enquanto as ruins são “desconsideradas”.
[caption id="attachment_3900" align="aligncenter" width="300" caption="O Senhor dos Anéis: trilogia honesta"][/caption]
Como no cinema pasteurizado e esterilizado atual tudo aquilo que faz sucesso obrigatoriamente se torna uma trilogia, podemos esperar ainda muitos cine-atentados ao bom gosto e à noção.
Sem problema, desde que tenhamos sabedoria suficiente para dar valor somente ao que vale a pena.
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